Joãozinho completou ontem nove mese de vida. A cada mêsversário nosso coração se enche de alegria e de contentamento por termos vencido mais um mês e ter estado com ele... principalmente quando se trata de um mês tranquilo como foi esse último, sem nenhuma intercorrência que causasse preocupação maior.
Queria registrar aqui no blog essa celebração.
Mas pensei em partilhar sobre outras celebrações...
Com nove meses de vida, sendo os últimos seis vivido aqui na cti do hospital; nossa família estabeleceu já uma rotina para dar conta dos cuidados com o João, com nossos outros dois filhos e com o resto das coisas que a vida solicita. Eis que no últimmo dia 04 a Ana Luíza (irmãzinha de João) completou seus dois anos, e - como toda criança de dois anos - merecia uma festinha.
Pois bem, é sobre esse sentimento que queria escrever: a capacidade de celebrar a vida em todas as suas forças e acontecimentos... viver também o que se passa para além do cotidiano no hospital.
Talvez algumas pessoas achem estranho: fazer festa de aniversário com um filho do hospital?, fazer festa de formtura com um neto no hospital?, ir a festa de casamento com um filho no hospital?, trabalhar em um retiro com o filhho lá no hospital?... é, a vida segue acontecendo mesmo quando a gente tem um filho que mora no hospital. E se faz necessário que nós a vivamos. Se não celebramos, não aguentamos a vida que se exige viver dentro do hospital.
Não é justo que o pequeno João seja 'culpado' por uma estagnação em nossas vidas: se deixamos de viver João torna-se o 'estorvo', a cruz a carregar.. não se trata disso...
Daí, tem sempre alguém que pergunta: 'e o Joãozinho, tá sozinho?'... Nós lutamos sempre para que ele tenha companhia. Cuidados ele recebe da equipe de assistecia. Buscamos sempre alguém que lhe faça companhia: que converse, afague, permaneça com ele e até pegue no colinho. Talvez você não acredite, mas o João percebe quando está sozinho, e tem suas maneiras de chamar a atenção...
Para essa tarefa de fazer companhia pro Joãozinho temos várias pessoas que nos ajudam.
Pra ser bem sincera, lhe digo que o coração fica bem dividido sim. Tem dias que queremos fazer tudo: ir no chá de panela da amiga, ficar em casa com a família e ir ao hospital com o João... Tem dias que fazer a escolha é bem dolorido. É dolorido porque é triste, não porque sinta culpa. Não sinto culpa por não ficar com João em alguns momentos ou preferir estar em outro lugar. Fico triste por ele não poder ir comigo.
É lógico que não se pode fazer tudo, pelo menos ao ao mesmo tempo; e que não se pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Portanto, sim abrimos mão de muitas coisas para poder cuidar e estar com João. Mas cuidar dele não é a única coisa que fazemos.
Este é mais um dos aprendizados que o João nos trouxe: saber aproveitar e viver a vida de um jeito diferente. Valorizar o que vivemos. Valorizamos o cotidiano, as coisas simples. Celebramos a vida e a possibilidade de viver com muito mais intensidade do que antes (antes do João existir), aproveitamos os momentos com os filhos muito mais, aproveitamos as pessoas, os almoços e os carinhos, aproveitamos muito mais uns aos outros.
Viver a situação do João é difícil sim. Mas continuamos a ser felizes. Arrisco a dizer: mais felizes do que éramos antes.