terça-feira, 21 de agosto de 2012

Buracos

Há dias meu coração se inquieta com desejo de escrever no blog, mas a correria do dia-a-dia não me deixa sossegada para isso. Essa inquietação é reflexo também da aproximação da data de sua morte: 29 de setembro do ano passado João nos deixou. A sensação que tenho é de que ando como que 'fazendo um balanço', pesando, refletindo sobre esse ano que passou. E que passou muito rápido. Eu nem percebi, mas nós recomeçamos, transformamos nosso cotidiano, estamos vivendo com gosto e alegria. Mas há sempre um buraco. Um buraco enorme, que olhando assim rapidamente ninguém nota. E esse buraco tem nome, pelo menos em português: é saudade.

Hoje eu recebi um e-mail da Raquel. Não a conheço. Sei apenas que é mãe do Matheus, que esteve apenas quatro meses na terra, mas ainda mora no seu coração. Já se passaram 10 anos da morte de Matheus. Que também tinha a trissomia do cromossomo 13. Que também lutou para viver a sua vida. Que também foi extremamente amado e cuidado. 

Descubro hoje, trocando palavras escritas via internet, que este buraco não vai desaparecer. Que eu vou ter de conviver com ele cuidando para não cair em sua escuridão. E talvez daqui a dez anos eu escreva um blog sobre a saudade.