sexta-feira, 18 de maio de 2012

tem um blog?

Numa discussão teórica sobre as novas tecnologias e a possibilidades de construção de redes, falei do blog. Um colega interrogou-me "tens um blog?"... A pergunta ecou em mim. Parecia que eu não podia responder que eu tinha um blog. Aqui em casa (na família) a gente sempre se refere 'ao blog do João'. A idéia de construí-lo foi do Fabiano (papai do João) e em verdade foi ele que deu o pontapé inicial. Assim este blog parece muito mais que meu blog... ele é tudo isso junto: meu, do João, dessa história, da nossa família...
Claro, eu escrevo nele. Mas o que escrevo é alimentado por tudo isso.

Aliás escrever a história do João me ajudou muito a vivê-la.
Escrever sobre o sofrer foi transcendê-lo.
Escrever foi muito mais do que falar. Muito mais do que tornar público.
(mas é tudo isso junto).

quinta-feira, 10 de maio de 2012

João e seus amigos lá no céu...

Na terça falei da Larissa e sua linda família aqui no post... ontem (quarta) a pequena princesa encerrou sua batalha, foi brincar com o João e o Gabri lá no céu. É bem provável que os três corram e façam as mil estripulias que por aqui não puderam realizar. É bem provável que se entretenham brincando com o manto de Nossa Senhora - para quem todas as mães que sofrem as dores de seus filhos recorrem.


Não poderia faltar essa homenagem aqui no blog do João.
Ontem Larissa nasceu para o céu.
Ontem eu vi uma linda despedida: pais e irmãos que chorando cantavam as músicas que Lari gostava; choravam a saudade, mas os olhos carregavam ainda fagulhas de esperança e no peito a paz! A esperança de quem sabe que a vida tem muito ainda para dar-lhes. A paz de quem amou tanto quanto pode.


Pra encerrar reproduzo um comentário do face...
"não parece 'natural' que uma mãe perca seu filho.. mas dps que agente passa por isso descobre q existem muitas por aí, q vivem já com um pedaço só do coração.. e toda vez que elas se encontram, misturam suas lágrimas e olham pro horizonte."



terça-feira, 8 de maio de 2012

Lá, de novo...

Na última sexta-feira fui à Cti pediátrica mais uma vez. O mesmo hospital. O mesmo andar. Muitas coisas familiares... voltar lá é voltar no tempo de alguma forma: lembrar de detalhes já experimentados e que pareciam esquecidos, refazer a história em cada passo que ecoa no corredor hospitalar. No interfone, estranhei minha apresentação 'visita da Larissa'. Sim, estava lá como uma visita. Mas logo alguém situou um outro 'a Geise, mãe do Joãozinho'... Era uma visita na cti, mas naquele lugar serei sempre um pouco mãe.


Larissa é uma menina linda, companheira das lutas do João (patologia genética sem cura com tratamentos paliativos). Nossas famílias se uniram por uma mesma fé e a identificação nas histórias uns dos outros aproximou-nos. Ver a Mônica (sua mãezinha) é um pouco me ver. Vê-la reafirma em mim a certeza de que valeu a pena. Nela, reafirma a esperança de que tudo acaba bem, conforme a vontade de Deus.


Aí me perguntaram se não me fazia mal ir à cti.É claro que bate uma saudade danada e até uma vontade de chorar um tanto. Despertou em mim uma certa nostalgia: saudade de tocar o João, de sentir seu cheirinho, do seu cabelo ruivinho e, principalmente, de dar-lhe colo.Mas essa nostalgia, essa saudade não me fazem mal. Persigo os momentos bons que as lembranças trazem e os sentidos construídos para esse sofrer.Não me faz mal ir àquela cti porque não guardo nenhum sentimento de revolta. Não sinto raiva. Não me sinto penalizada ou vítima de algo. Sofro a saudade para também transforma-la em algo: abraçar a Mônica e conhecer a Larissa, nesse caso valeram muito a pena.