terça-feira, 26 de março de 2013

Mexeu comigo

      
     Ontem no carro, liguei o rádio e me deparei com a início do programa "Polêmica". O apresentador anunciava o assunto da polêmica em pauta naquele dia: o aborto. Um pronunciamento do conselho federal de medicina, a favor da descriminalização do aborto até as 12 semanas de gestação reascendia o debate a nível nacional. Pensei em rapidamente trocar a estação avaliando que eu não teria condições de escutar o tal debate, mas a curiosidade foi me vencendo e acabei escutando o programa até chegar ao meu destino. 


      Talvez como uma trabalhadora da saúde que sou, embebida nos princípios do sistema único de saúde, eu devesse assumir um lugar de defesa desta proposta de descriminalização. Mas meus componentes religiosos e morais não me permitem assumir o aborto como um método contraceptivo ou de controle de natalidade. Muito mais que isso a minha experiência, o que aconteceu em mim e comigo não o permite. Na minha vida fiz a opção de levar uma gestação de feto inviável (a princípio) até o seu fim e que, além disso lutei para vida que dali brotou.

      Tal discussão é permeada por tantas facetas, desde o capitalismo, o individualismo, interesses múltiplos, até mesmo questões filosóficas como liberdade, responsabilidade e definição de vida. Tenho dúvidas se a descriminalização de fato defenderia as mulheres, ou do que ela produziria. Caminhamos cada vez mais para a proteção do direito privado, individualizado, da liberdade individual plena? Qual o limite? Onde o coletivo e o outro podem barrar meu direito de liberdade? 
      Mas o que se debatia no programa? O posicionamento pessoal dos participantes, que era apoiado em instituições, na ciência e no jurídico. 

      Ciência e jurídico em discussão com a sociedade e seus valores e crenças. Mas a ciência e o jurídico baseiam-se na generalização dos fenômenos, em estatística, em probabilidades. Era isso que eu sentia ao ouvir a discussão: generalizações. A vida acontece nas exceções e subjetividades, não nas generalizações. A minha experiência não foi descrita no programa, longe disso.


ps.: outro post relacionado chama-se "Carregar até o fim", de junho de 2012.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Pedro, João e Caio...

Quando eu engravidei pela segunda vez, Pedrinho do alto de seus dois anos e meio anunciava à todos que teria dois irmãos, que se chamariam João e Caio. Nas primeira ecografia já descobrimos que havia apenas um coraçãozinho batendo dentro da mamãe... Os meses passaram, a barriga cresceu e foi possível que o médico anunciasse 'é uma menina'! Pedro demorou um pouquinho para ter suas expectativas quebradas e entender que a maninha prestes a chegar se chamava Ana Luíza. Acredito que, para lidar com esta frustração, ele começou a conviver com dois amiguinhos imaginários. Adivinhe o nome de tais amigos? Sim, João e Caio.

Logo depois da Ana Luíza nossa família foi então contemplada com a benção do João. Ele ganhou este nome por causa de João Batista, profeta e precursor de Jesus (podes ler a história do nome de João no Post "João é seu nome"). E foi confirmada pela inspiração do mano Pedro.

Agora, na nossa quarta gestação, adivinhe quem vai chegar?
Sim, o Caio.

Parece que o Senhor ouviu as preces de Pedrinho e ele terá mesmo dois irmãos: o João e o Caio. E ainda levou em acréscimo a mana Aninha!
Ele está muito contente com a chegada de um menino na casa. Algumas vezes perguntou se o Caio ficaria no hospital como o João, se seria especial como ele.. se morreria. Mas parece tranquilizar-se a medida que vamos lhe contando os resultados dos exames e das ecos. Acho que na próxima ele irá junto para ver pela tv o maninho que ele, há anos atrás, já anunciava que viria....